É muito comum ouvirmos isso. Frequentemente recebemos esta
queixa: “Fulano me decepcionou”, ou “Eu me decepcionei com fulano”. No entanto,
raros são aqueles que param e refletem sobre o equívoco que essas frases expressam.
Decepcionar-se com alguém é, em linhas gerais, problema de
quem se decepcionou e não de quem decepcionou. O decepcionado é responsável (in)direto
pelo sentimento, na medida em que projetou no outro qualidades ideais.
Qualidades que ele mesmo, o decepcionado, não possui. Porque simplesmente não somos
perfeitos.
Outro erro do decepcionado é não refletir sobre até que
ponto a decepção é fruto de uma interpretação equivocada dos fatos. Não estaria
ele, o decepcionado, interpretando tudo de forma errônea? Outra análise
pertinente é sobre a parcela de responsabilidade que o decepcionado tem sobre o
objeto da queixa. Não seria arrogante eximir-se de qualquer culpa? O
decepcionado parece colocar-se em um pedestal de um mártir que transborda virtudes
e não possui nenhum defeito que possa ter impactado na relação entre ele e quem
o decepcionou.
O decepcionado – sobretudo o queixoso – passa então a impressão
de uma criança esperneando por não ter atendidas as suas expectativas.
Seguem, pois, alguns pontos para refletir antes de viver uma
vida árdua, cheia de decepções com os outros, ao som de um violino no fundo:
1. Ninguém é perfeito. Não dá para esperar perfeição das
pessoas. Liberte o outro e liberte a si mesmo.
2. Toda situação tem dois lados! Lembre-se de que você está
em um deles e tem responsabilidades, a menos que seja uma múmia!
3. Todos nós – sem exceção
– possuímos algumas habilidades e virtudes em algumas áreas e carecemos de
habilidades e virtudes em outras. Há quem seja pontual, mas há quem seja o
eterno atrasado. Cabe a você compreender o perfil daqueles que fazem parte de
seu círculo e “exigir” de cada um apenas o que ele/ela pode oferecer.
4. Lembre-se sempre de que, caso precise se queixar de alguém,
deve fazer isso com uma pessoa que não conheça o sujeito de quem você está se
queixando. Sabe por quê? Porque assim você não passa a impressão de fraqueza,
de quem está recrutando cúmplices para suas próprias angústias.